Tradicionalista

Santiago / RS

Cavalgada do CTG 18 de Setembro, 10/09

Nas trilhas dos farrapos, na poeira do hoje

Entre o cheiro do mate e o estalar dos arreios, o dia se abriu em Santiago como se um farrapo antigo respirasse outra vez. Homens, mulheres e crianças, vindos do campo e de tantas invernadas, reuniram-se para o ritual que antecede a Semana Farroupilha. Não foi um desfile nem um ato de poder; foi um gesto de pertencimento, um sopro vivo murmurando em silêncio: "não esqueçam os irmãos farrapos, não deixem que o passado vire apenas uma caricatura.

A cavalgada correu mansa, no compasso dos cascos, e a poeira erguendo-se como reza antiga. Lenços e cabelos no vento, rostos marcados de sol, mãos firmes nas rédeas ou na guampa de canha. Cada detalhe é um pedaço do Rio Grande que resiste.

Celebrar a Semana Farroupilha, aqui, não é apenas um calendário, é o pulsar do sangue das gerações que deram o suor do rosto, lavraram dignidade e liberdade, mesmo sem glória oficial.

As imagens que seguem são lampejos; um estribo reluzindo, um lenço tremulando, uma cuia passando de mão em mão, um cavalo galopando na água; são fragmentos que contam mais do que qualquer discurso, uma confidência dessa cavalgada que é um culto à amizade, à coragem e ao chão que sustenta. Que cada fotografia provoque o desejo de ver, de estar, de pertencer, que seja convite e testemunho para os que ainda sabem honrar o caminho.

Eu não montei a cavalo, mas estive ao lado, câmera em punho, respirando o mesmo pó, ouvindo o mesmo compasso e fotografei-os com respeito e cumplicidade, procurando captar não só imagens, mas a essência viva que fez deste dia um rito, de lealdade à tradição viva, maior do que qualquer ideologia.

Tags

tradição farrapos semana cavalgada querência cavalo peão fotografia